quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pão e circo x redes sociais



Geralmente, eu não me envolvo nas discussões polêmicas que se perpetuam pelas redes sociais. Mas acho importante suscitar algumas questões. Entre os adeptos do bbb e os mais rigorosos e pragmáticos intelectuais, muita coisa tem passado despercebida. Uma delas é aquela velha teoria da política do pão e circo. Gente, vamos virar o disco! Não existe uma conspiração midiática ou política! Ninguém está sendo conduzido cegamente a lugar nenhum!

Se a “timeline” está cheia de comentários sobre o bbb ou sobre a volta da Luiza do Canadá, isso reflete as nossas preferências. É uma via de mão dupla. O espectador busca entretenimento e os dispositivos político-midiáticos lançam mão disso para se beneficiar. Relação simples e clara! Num mundo em que a informação é matéria-prima, é impossível falar de uma “vitimização” do público.

Não estamos mais na década de 60 em que os canais de comunicação eram deturpados e ofereciam uma espécie de “verdade absoluta”. Estamos num mundo sem bandeiras. Essa história de alta e baixa cultura já era! Não existe mais a dualidade entre “cult” e “comercial”. Estamos cientes da situação, só optamos por outros caminhos e vamos arcar com as consequencias. E, pra mim, é aí que mora o problema.

O que ninguém está percebendo é que estamos diante de uma nova configuração sócio-política. Se o twitter foi capaz de gerar uma discussão a ponto de colocar a globo numa “saia justa”, imagina se as redes sociais fossem utilizadas também para reivindicarmos os nossos direitos? Ou seja, usando uma liguagem bem contemporânea, "movimento social seria mato!"

Diversidade!



Sempre fui da boemia, meu espírito é de buteco! No entanto, há algum tempo, venho frequentando outros lugares, outros estilos musicais; transitando por caminhos até então desconhecidos... Minha intenção era ver o que existe além do muro, sabe? Afinal, a palavra da moda é diversidade! Nesse intervalo, descobri que algumas coisas não são tão ruins quanto eu pensava, mas que preconceito nem sempre é mito. Balada é uma coisa realmente engraçada; uma verdadeira "miscelânea cultural"! Ontem, por exemplo, acompanhei da minha janela um batalhão de mulheres indo para a "night". O barulho era ensurdecedor, mas consegui anotar o hino de guerra que elas cantavam. Pura poesia! Reparem na letra:

"Traz a bebida que pisca. Eu to no camarote com a minha amiguinha. Se levantar a garrafa eu tiro minha calcinha. Eu rodo minha calcinha".

Como fiquei com medo de pesquisar no Google a autoria dessa preciosidade, fico devendo os créditos aos possíveis interessados.

Agora, vamos falar sério! É ou não é a Era de Aquário?

E o que eu acho mais interessante no discurso contemporâneo: "mulher que transa no primeiro encontro é vagabunda". Mas usar um vestido na virilha, arrumar alguém para pagar a conta (ou no mínimo um camarote open bar) e entoar mantras de guerra... Ah, isso pode! Certo?

Como diria Raul Seixas: "Pare o mundo que eu quero descer".

Caminhos múltiplos...



Tomar decisões dói. Escolher um novo caminho é sempre um ato arriscado. Tudo na vida deveria ter manual; uma espécie de livro básico de conduta, ponderando os benefícios e os infortúnios de cada decisão. Seria mais seguro seguir o protocolo, encarar a burocracia, viver na estabilidade... Afinal, um passo em falso e você perde todo o equilíbrio; um único desvio e lá se foi sua autoconfiança... Por isso, outra invenção extremamente útil seria um GPS de pensamento, já que nossas bússolas mentais andam tão instáveis... E, quando perdemos a direção, é possível conceber uma série de imprevistos... Um verdadeiro efeito dominó! No entanto, nosso consolo é que sempre haverá outros caminhos, outras decisões... Estamos sempre começando, reinventando; em pleno trânsito, em vias de metamorfose... Decisões serão sempre doloridas... Assim, o que resta é nos assumirmos como "errantes", certo?


"O diabo da vida é que entre 100 caminhos a gente tem que escolher apenas um e viver com a nostalgia dos outros 99" Guimarães Rosa.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dualidades da alma...


Escuto, frequentemente, as pessoas afirmarem, sem pesar, que não existe agonia maior que estar apaixonado. No entanto, no eco de minhas próprias palavras tortas, questiono o movimento inverso: pode maior agonia que estar seca, vazia, frívola? Porque se a paixão queima e inebria; a ausência congela e racionaliza. Nos braços dos apaixonados corre o tempo; sussurra a novidade; metamorfoseia a vida. Ali, entre a promessa letárgica e o desejo efêmero, transita a alma, institui-se o ritmo, vislumbram-se novos caminhos... Já na suspensão do limbo, corre apenas o tempo da estagnação, das explicações medíocres e das falsas expectativas de amadurecimento... Então, meu caro? Pode maior sofrimento que não amar?